terça-feira, 26 de julho de 2011

Uma reflexão

O papel da família na educação das crianças


Cada vez mais cedo, as crianças têm chegado às escolas infantis. É comum crianças de dois ou três anos irem à escola, já carregando consigo, uma obrigação antecipada de uma jornada que terão de vivenciar por vários anos em seu dia a dia. Sob o ponto de vista da praticidade, isto, é uma excelente oportunidade para dirigir a outros a tarefa de guiar e nortear o comportamento e a aprendizagem primária dos pequenos, no entanto valho-me dos meus conhecimentos e manifesto o descontentamento quanto a isso, já que podemos ter problemas futuros irreparáveis a partir desta simples ação.


Sabemos que pai e mãe, ou simplesmente pai ou mãe, trazem consigo a capacidade autodidata para educar e conduzir seus filhos no início de sua jornada, passando para estes, valores e costumes peculiares a cada núcleo familiar. Muitos pensadores confirmam a teoria de que crianças, que vão muito cedo para escola, acabam cansando e fazendo de sua jornada escolar uma tarefa árdua e infrutífera.

É sabido que a criança até seus cinco ou seis anos está construindo seu caráter e formando seu perfil social e humano. A carga genética, perpassada de pai para filho não da conta de desenvolver traços do caráter e personalidade. A personalidade genética nasce com a criança, porém o caráter é construído paulatinamente nos primeiros anos da infância. Já na fase oral, a criança busca as impressões do mundo através do olfato e tato em contato direto com sua progenitora, e então, estabelece os primeiros contatos sociais que aos poucos vão alargando-se no próprio núcleo familiar. Quando os pais transferem para a escola o acompanhamento nesta primeira etapa da vida, estão transferindo também seu papel de pai e mãe, pois a escola não consegue dar conta da multiplicidade da educação integral. Muitos pais dizem que é necessário a criança ir para a escola, para socilizar-se, adentrar ao mundo da escrita e dos números, conviver com outras crianças - e isto não está errado - no entanto as questões de  comportamento inadequado e rebeldia não serão sanadas em quatro ou oito horas de atividades escolares.

Os pais devem exercer seu papel com excelência,  não transferindo a outros a aprendizagem de questões que são subjetivas e jamais poderão ser ensinadas pela sociedade. Os valores, os costumes, a humildade, o comportamento adequado deverão ser transmitidos no núcleo familiar, para que as crianças, quando deixarem este núcleo, busquem uma referência sadia em pessoas cofiáveis e com vínculo afetivo. O professor não poderá ser referência comportamental para uma criança, no máximo poderá ser referência intelectual, mas moderador de comportamento jamais,  é uma inconsequência a transferência desta responsabilidade para os professores, pois estes foram preparados para dar conta de oportunizar a aprendizagem e nortear os vínculos que esta aprendizagem estabelece com a sociedade.

Quando os pais assumem a atitude de educar e efetivamente conduzem esta prática com estratégias firmes, com certeza seus filhos ficarão melhores preparados para a vida.

Outro aspecto importante a ser observado, é de que criança tem que brincar, e a fase, que antecede a vida escolar, deve priorizar isso. As experiências das crianças com brincadeiras fazem com que elas sintam o mundo de maneira sinestésica, onde o toque, o andar de pés descalços, o cair e o levantar, o representar papéis variados em brincadeiras, fazem com que estas enfrentem os desafios da vida com autonomia e praticidade. Quando uma criança com dois anos vai para escola, estamos roubando dela a melhor fase da ludicidade, a melhor fase de contatos, e transferindo o modelo de pai e mãe para outros personagens. Muitos alegam que na escola há brincadeiras, há jogos e até brinquedos, e isto ajuda a criança a desenvolver-se; Concordo com isso, porém nada substitui a brincadeira criada e elaborada pelas próprias crianças. Se observarmos os tempos idos, veremos que nossos pais e avós, criavam seus próprios brinquedos, inventavam suas brincadeiras. Viviam a infância. E o bom exemplo para eles eram os seus próprios pais.

Hoje o bonito é dizer que pais devem ser amigos dos filhos. Acredito que isso é fundamental, porém não devem afastar-se do papel de pai e mãe e que, também, cultivem a amizade, mas sejam diretivos em sua influência e não deixem de corrigir seus filhos. Achar as más atitudes bonitas e agradáveis é comum, mas estas devem ser corrigidas; sem espancamento, mas com uma correção firme. Se as crianças enxergarem seus pais somente como bons amigos, elas tentarão igualar-se a eles e intentarão comporta-se como socialmente os amigos se comportam. Cumpre-se a necessidade de que a boa influência familiar determine a constituição do caráter dos pequenos.

A escola ajuda em partes, mas a vivência da infância integral está no seio familiar. Talvez a transferência para a escola de obrigações familiares, resultará em problemas futuros, onde os adolescentes odiarão a escola e não verão nela referência alguma para suas vidas.
Sandro F. da Rosa - Psicopedagogo - 26/07/11

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