segunda-feira, 8 de julho de 2013

Texto sobre o Ensino Médio Politécnico - escrito pela professora mestranda Claudia E. Mederios

ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO


A realidade demonstrada por muitas escolas até o ano de 2011 apontavam
fatores nada promissores para o Ensino Médio no estado do Rio Grande do Sul,
entre os quais um currículo fragmentado, dissociado da realidade sócio-histórica, do
tempo social, cultural, econômico e dos avanços tecnológicos da informação e da
comunicação.

Estes fatores, aliados aos índices de evasão e reprovação no Ensino Médio
foram determinantes para que a Secretaria de Educação implantasse a Proposta de
Reestruturação do Ensino Médio, a partir do ano de 2012.
Esta proposição se constitui em um ensino médio politécnico, com articulação
das áreas de conhecimento e suas tecnologias com os eixos da cultura, ciência,
tecnologia e tendo o trabalho como princípio educativo.

A concepção de ensino médio compreende, de acordo com a Proposta, que a
educação geral é parte inseparável da educação profissional e a preparação para o
mundo do trabalho não é sua finalidade exclusiva. Assim, o Ensino Médio
Politécnico, deve conter uma parte diversificada

vinculada a atividades da vida e do mundo do trabalho que se traduza por

uma estreita articulação com as relações do trabalho, com os setores da

produção e suas repercussões na construção da cidadania, com vista à

transformação social, que se concretiza nos meios de produção voltados a

um desenvolvimento econômico, social e ambiental, numa sociedade que

garanta qualidade de vida para todos. (RIO GRANDE DO SUL, 2011, p. 22).


Segundo a Proposta, a relação entre as mudanças ocorridas no mundo e as
novas demandas de educação geral, profissional e tecnológica evidencia o advento
de um novo princípio educativo: o trabalho
(RIO GRANDE DO SUL, 2011, p. 13).

Este deve ser visto como uma ação dos seres humanos de construção e formação
da sociedade. É pelo trabalho que o homem produz conhecimento, transforma a
natureza e se transforma, constrói a sociedade e faz história.

Dessa forma, entende-se que as mudanças no mundo do trabalho trazem
novas demandas para a educação, um novo princípio em que o trabalho
predominantemente psicofísico passa a ser substituído pelo trabalho intelectual.

O princípio educativo do trabalho retoma a concepção de politecnia,
compreendida como domínio intelectual da técnica. O Ensino Médio Politécnico,
não profissionaliza, mas está enraizado no mundo do trabalho e das relações
sociais, promovendo a formação científico-tecnológica e sócio-histórica, pelo
protagonismo do aluno.

Do ponto de vista da organização curricular, a politecnia supõe, então:

novas formas de seleção e organização dos conteúdos a partir da prática

social, contemplando o diálogo entre as áreas do conhecimento; supõe a

primazia da qualidade da relação com o conhecimento pelo protagonismo

do aluno sobre a quantidade de conteúdos apropriados de forma

mecânica;supõe a primazia do significado social do conhecimento sobre os

critérios formais inerentes à lógica disciplinar (RIO GRANDE DO SUL, 2011, p. 14).


Dentre os princípios orientadores em que se fundamenta a Proposta de
reestruturação do Ensino Médio estão a relação parte-totalidade, reconhecimento
dos saberes, teoria-prática, interdisciplinaridade, avaliação emancipatória e
pesquisa.

Segundo o texto, existe um constante transitar entre o conhecimento científico e os
dados da realidade na busca de alternativas de solução dos problemas. É esse transitar que
possibilita a construção de novos conhecimentos.

Quanto ao reconhecimento de saberes, a proposta entende como a
complementaridade entre todas as formas de conhecimento, entre as quais o saber popular
constitui ponto de partida para a produção do conhecimento científico e que esse corre o
risco de não constituir significado que motive a sua apropriação, se não estabelecer diálogo
com indivíduos, grupos e suas realidades, levando-os a superar o senso comum.

A respeito do princípio teoria-prática, o texto afirma que quando submetida à
realidade, a teoria apartada da prática social vira palavra vazia e sem significado (RIO
GRANDE DO SUL, 2011, p. 18). Em contrapartida, a prática exclusivamente considerada se
transforma em mera atividade para execução de tarefas, reduzida a um fazer repetitivo que
pode se traduzir em automação, ou seja, em ação destituída de reflexão.


A interdisciplinaridade, segundo a proposta, se apresenta como um meio
eficaz e eficiente de articulação entre o estudo da realidade e a produção de
conhecimento com vistas à transformação. Seu objetivo é facilitar a aprendizagem já
que através do estudo de temáticas transversalizadas alia teoria e prática, tendo a
concretude por meio de ações pedagógicas integradoras, cujo objetivo é integrar as
áreas do conhecimento e o mundo do trabalho
(RIO GRANDE DO SUL, 2011, p. 18).

Como avaliação emancipatória, entende-se segundo o texto, como um
instrumento que sinaliza os avanços do aluno em suas aprendizagens, com vistas a
apontar os meios para superação das dificuldades e se traduzir na melhor
oportunidade de refletir e rever as práticas na escola. Recomenda, ainda, a
incorporação de novas práticas avaliativas que abandonem a ideia de avaliação
como exercício de poder, função de controle, na explicitação da classificação e da
seleção, conceitos estes vinculados ao modelo de qualidade na produção industrial

(RIO GRANDE DO SUL, 2011, p. 20).

Finalizando os princípios orientadores surge a pesquisa como “o processo que,
integrado ao cotidiano da escola, garante a apropriação adequada da realidade, assim como
projeta possibilidades de intervenção. Alia o caráter social ao protagonismo dos sujeitos
pesquisadores”, tornando-s críticos e reflexivos. (RIO GRANDE DO SUL, 2011, p. 20).


Desta forma, entende-se esta proposta como um novo desafio, as escolas e
professores, no sentido de desenvolver consciências críticas capazes de
compreender a nova realidade do mundo contemporâneo instrumentalizando
cidadãos para construir a possibilidade histórica de emancipação humana no sentido
da transformação social.

REFERÊNCIAS


RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação.
Proposta Pedagógica
para o Ensino Médio Politécnico e Educação Profissional Integrada ao Ensino
Médio

 

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